terça-feira, 16 de abril de 2013

De nome impronunciável

A mais nociva entidade que habita o Edifício Tijucas possui um nome impronunciável, por ser uma alcunha composta exclusivamente de consoantes. Ela camufla-se entre as letras da placa de identificação dos conjuntos, na recepção. Salta de um título a outro, caminhando entre as logomarcas. Bagunça a ordem, troca caligrafias, design, tipografias e substitui palavras. É comum olhar para o painel e não reconhecer os nomes. Por isso que o cassino nunca está no mesmo andar e as prostitutas mudam de apelido. 
Nunca sei qual é o alfaiate que prega meus botões. 
Tenho uma amiga que imprime novos cartões todos os dias, conforme a maneira que o nome de seu estúdio aparece. 
Esta assombração é responsável também pelos vários escritórios que brotam e desaparecem ao longo dos meses, configurando um panorama totalmente variável. Eu mesmo – estou aqui hoje, mas não sei onde estarei amanhã.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

O lambretista de outrora

Ontem, na Boca Maldita, fiquei sabendo de outra entidade que visita o Tijucas. É o espírito zombeteiro de um lambretista de outrora. Ele passa com sua lambreta descontrolada no meio da galeria, buzinando e atropelando os passantes. Por isso é um perigo atravessar com café fervendo no copo de plástico ou com objetos quebráveis. Muitos já ouviram o ronco da sua lambreta acelerando e depois não viram nada. Dizem que nos anos sessenta, ele e sua gangue gostavam de apostar corrida no estreito corredor. E como era proibido, acabou morrendo atingido pelo tiro de um policial.